A seguir, íntegra do sonho que São João Bosco teve por volta dos nove anos de idade, descrevendo seu futuro trabalho com os jovens.
Vale à pena ler a interpretação que o Padre Afonso de Castro fez desse mesmo sonho, no livro " Carisma para educar e conquistar", pág. 24 - 32.
O mesmo sonho, sem comentários e interpretações, é reproduzido integralmente em vários livros, dentre os quais: "A pedagogia de Dom Bosco em seus escritos" (pág. 5 - 7); "Memórias do Oratório de São Francisco de Sales" e "Dom Bosco - uma nova biografia". Na internet, procure no site oficial do Salesianos: www.sdb.org
Vamos a descrição do sonho, nas palavras do próprio Dom Bosco.
"Na idade de 9 anos tive um sonho, que me ficou profundamente impresso na mente por toda a vida. Pareceu-me estar perto de casa. Numa área bastante espaçosa onde uma multidão de meninos estava a brincar. Alguns riam, outros divertiam-se, não poucos blasfemavam. Ao ouvir as blasfêmias, lancei-me de pronto no meio deles, tentando, com socos e palavras, fazê-los calar.
Neste momento apareceu um homem venerando, de aspecto varonil, nobremente vestido. Um manto branco cobria-lhe o corpo; seu rosto, porém, era tão luminoso que eu não conseguia fitá-lo. Chamou-me pelo nome e mandou que me pusesse à frente daqueles meninos, acrescentando estas palavras:
– Não é com pancadas, mas com a mansidão e a caridade que deverás ganhar esses teus amigos. Põe-te imediatamente a instruí-los sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude.
Confuso e assustado, repliquei que eu era um menino pobre e ignorante, incapaz de lhes falar de religião. Senão quando aqueles meninos, parando de brigar, de gritar e blasfemar, juntaram-se ao redor do personagem que estava a falar.
Quase sem saber o que dizer, acrescentei:
- Quem sois vós que me ordenais coisas impossíveis?
– Justamente porque te parecem impossíveis, deves torná-las possíveis com a obediência e a aquisição da ciência.
- Onde, com que meios poderei adquirir a ciência?
- Eu te darei a mestra, sob cuja orientação poderás tornar-te sábio, e sem a qual toda sabedoria se converte em estultície.
- Mas quem sois vós que assim falais?
- Sou o filho daquela que tua mãe te ensinou a saudar três vezes ao dia.
- Minha mãe diz que sem sua licença não devo estar com gente que não conheço; dizei-me, pois, vosso nome.
– Pergunta-o à minha mãe
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Tornei então a olhar, e em vez de animais ferozes apareceram mansos cordeiros que, saltitando e balindo, corriam ao redor daquele homem e daquela senhora, como a fazer-lhes festa.
Neste ponto, sempre no sonho, desatei a chorar, e pedi que falassem de maneira que eu pudesse compreender, porque não sabia o que significava tudo aquilo. A senhora descansou a mão em minha cabeça dizendo:
– A seu tempo tudo compreenderás.
Após essas palavras, um ruído qualquer me acordou, e tudo desapareceu.
Permaneci atônito. Parecia que minhas mãos doíam devido aos socos que tinha dado, que minha face doía pelos socos recebidos. Aquele personagem, aquela senhora, as coisas ditas e ouvidas, me ocuparam de tal forma a mente que não consegui retomar o sono aquela noite."
P. João Bosco