27 dezembro 2005

Passeios - ação de Dom Bosco



Passeios

Todos os anos, pela festa de Nossa Senhora do Rosário (sete de outubro), Dom Bosco leva aos Becchi seus melhores alunos: uns vinte, nos primeiros anos. Depois, o número cresceu: de 1858 em diante, chegava a uma centena.

“Nos primeiros dias de outubro – escreve o padre Lemoyne –, partia do oratório a turma dos cantores, dos músicos e de outros alunos. Cada qual levava num pequeno embrulho a roupa necessária para as férias, pão queijo e frutas.”

Hospedava-os o irmão José (irmão de Dom Bosco, que continuou na propriedade da família, no campo), sempre cordial, sempre disposto a fechar os olhos quando os rapazes invadiam a vinha para lhe diminuir o trabalho da vindima...

No primeiro domingo de outubro celebrava-se a festa. No dia seguinte, começavam os passeios, que se prolongavam por dez, vinte e mais dias.

Até 1858, o quartel-general ficava nos Becchi de onde saíam de manhã para uma aldeia não muito distante, votando à noite.

A partir de 1859, os passeios se transformaram em verdadeiros “itinerários” através das colinas de Monferrato. Dom Bosco preparava o roteiro com antecedência: párocos e benfeitores estavam sempre prontos para acolher a turba faminta e cansada. A viagem se desenrolava pelas estradas do campo, entre colinas e vinhedos. Caminhavam em grupos, cantando, rufando tambores, tangendo burricos que portavam no lombo os cenários e os bastidores para as representações teatrais. Atrás de todos seguia Dom Bosco, rodeado sempre por um bom grupo de jovens que não se cansavam de ouvi-lo contar a história das aldeias por onde passavam.

Chegada à meta, a turba se punha em ordem. E, com a banda de música à frente, entravam solenemente no povoado.

“Não posso esquecer aquelas viagens aventurosas – escrevia o Padre Anfossi. – Éramos uma centena de rapazes e já então podíamos ver a grande fama de santidade de que gozava. Sua chegada naqueles lugares era um triunfo. Os párocos dos arredores acorriam à sua passagem e, geralmente, as autoridades civis também.”

“Os moradores se achegavam às janelas ou saíam às portas das casas; os camponeses deixavam os trabalhos para verem o Santo.; as mães se aproximavam apresentando os filhinhos e, genuflexas, mesmo por terra, pediam lhe a benção. Como o nosso costume era ir diretamente à igreja paroquial para adorar Jesus Sacramentado, em breve o templo ficava repleto de fiéis, aos quais Dom Bosco fazia uma alocução. Cantava-se, depois, o Tão Sublime Sacramento e dava-se a benção do Santíssimo”.

A seguir comia-se uma matula bem reforçada, à moda dos colonos: o povo trazia generosamente para aqueles rapazes cestas de frutas, enormes pães de fôrma caseiros, queijo e jarras de vinho.

Dormia-se debaixo de telheiros ou em salões, estirados sobre sacos de folhas ou na palha.

Aqueles passeios foram aventuras inesquecíveis, para os meninos, e, para Dom Bosco, a “carta de apresentação” aos povoados do Monferrato, dos quais conseguiu levar para o oratório esplêndidas vocações salesianas.

BOSCO, Terésio. Dom Bosco: uma nova biografia.
São Paulo: Editora Salesiana. 6.ed. 2002. p364-366.
www.editorasalesiana.com.br